segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A minha vítima é o meu assassíno

Fumar mata, mas é com o tabaco que sigo o meu rumo.
Vejo e logo sigo todos os seus sinais de fumo.
Saco um cigarro e acendo-o com sucesso.
Dar lume é o princípio, fumar é o processo.

Reduz-me a vida,
Penetrando nos meus pulmões.
Sou o meu próprio homicida
E ladrão dos meus poucos tostões.

Ao querer um cigarro, a minha sentença eu assino.
E sei que a minha vítima é o meu assassino!

Sem a falta de avisos, insisto em fumar...
Não sei quanto tempo mais irei durar.
Tempo esse, uma verdadeira incógnita,
Pois sou vítima de uma doença crónica.

Fumar é um acto inconsciente,
Fumar é um acto perigoso.
E sabendo que mato mais gente,
Torna-te bastante doloroso.

Ao querer um cigarro, a minha sentença eu assino.
E sei que a minha vítima é o meu assassino!

Abro um maço, procuro o isqueiro.
Não consigo deixar,
Mas preciso de o apagar,
Pois nos meus pulmões encontra-se o meu cinzeiro.

Não me destruí

Soou uma voz na minha inconsciência,
Deixei-me ser conduzido.
Passei a desconhecer os limites
E as minhas acções baralharam-se.
Tentei ser algo que sabia
Não conseguir ser
E vagueei em vão por partes destrutivas.
Pensei, fiz e sofri...
Passei no sonho e quase me destruí.
A minha intuição revela-se
E conduz-me por entre veias poéticas.
Simplifiquei a minha realidade
E, embora não toque em todos os corações,
Componho terapias culturais.
Pensei, fiz e sofri...
Passei no sonho e quase me destruí.
Deixei-me cair nas costas do Passado,
Ergui-me ao Presente de soslaio.
Serei maestro na pauta de tantas vidas
E beijarei a testa do nosso Futuro.
Ele dirá que sou alguém,
Pois pensei, fiz e sofri...
Passei no sonho e não me destruí.